sexta-feira, 8 de maio de 2009

Perdoai-os, Senhor (Cícero Acaiaba)

Pelo que confusamente escrevem
como se fosse poesia
a verdadeira autêntica Poesia
Perdoai-os, Senhor:
eles não sabem o que fazem.
Pelas palavras esdrúxulas,
canhestras,
absurdas,
mistificando os versos do poema,
perdoai-os Senhor:
eles são por natureza medíocres.
Pelas estruturas ridículas
o desequilíbrio da sintaxe
as distorções da língua
tartamudeando enigmas,
perdoai-os, senhor:
eles são por índole confusos
e hão de morrer indecifráveis.
Pela ignorância do Inefável
Em suas almas carentes de lirismo
– o bom o puro o mágico lirismo –
perdoai-os, senhor:
na árvore que nasce torta
também sua sombra é torta.
Pela ausência do sopro da Beleza
eterna nas coisas simples,
pela transcendência sutil
de sonho e mistério
palpitando no espelho do cotidiano,
sem nenhum reflexo nos seus olhos
secos
perdoai-os, senhor:
eles são os cegos que só vêem a própria imagem.
Pelo alarido de sua impotência,
as garatujas do quebra-cabeça,
as estrofes labirínticas, pregadas a martelo na cruz
da Poesia,
perdoai-os, senhor:
eles são incapazes de entender
o supremo sacrifício da Arte.

ACAIABA, Cícero. Poemas escritos na névoa. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1988. p. 96-97

Um comentário:

Anônimo disse...

misey owning prosecutors stranger lafkir avoided there lobby comcon finishing apoorva
semelokertes marchimundui